No Japão, existem muitas lendas antigas a respeito do Hitobashira (人柱), que significa literalmente “pilar humano”. O Hitobashira era um tipo de sacrifício humano, nos quais os restos mortais eram colocados dentro das fundações ou paredes de grandes construções.
Normalmente a prática era realizada em construções de barragens, diques, pontes e castelos e servia como uma oferenda aos deuses para que a construção fosse concluída com êxito, minimizando os riscos de ser destruída por eventos naturais ou ataques inimigos.
É surreal a ideia de que muitas construções no Japão possam conter restos mortais de uma ou mais pessoas não acha? Acredita-se que a prática do Hitobashira tenha começado durante as construções dos Kofuns (tumbas aristocráticas) e que acabou se alastrando para outras partes do Japão.
Segundo lendas, o Hitobashira era praticado por muitos samurais, que acreditavam que se tivessem seus restos mortais nas construções, seus espíritos se tornariam guardiões do local. Um dos casos mais famosos se refere ao Castelo Matsue (Província de Shimane), construído no século 17.
Dizem que houve muitos acidentes durante a sua construção e por causa disso, um pilar humano foi procurado para proteger a construção. Segundo a lenda, um festival Obon estava ocorrendo na época e os guardas do castelo capturaram a dançarina mais bonita da festa e a levaram para o castelo.
A jovem foi assassinada e seus restos mortais foram colocados nas paredes do castelo. A construção continuou sem problemas, mas depois de concluída, o espírito da moça começou a assombrar o castelo. Para conter o espírito vingativo, as danças folclóricas obon foram banidas das ruas de Matsue.
Outras construções japonesas tradicionais que estão envoltas em rumores em relação à prática de pilares humanos são:
– Castelo Gujo-Hachiman (Gifu)
– Castelo Nagahama (Shiga)
– Castelo Maruoka (Fukui)
– Castelo Ozu (Ehime)
– Castelo Komine (Fukushima)
– Santuário Itsukushima (Hiroshima)
– Ponte Fukushima (Tokushima)
– Ponte Kintaikyou (Yamaguchi)
– Hattori-Oike (Hiroshima)
– Canal Imogawa (Nagano)
– Aterro Karigane (Shizuoka)
– Barragem Manda (Osaka)
Não existem muitas evidências que comprovem realmente esta prática, apesar de tantas lendas a respeito. Dizem que em Hokkaido, ilha setentrional do Japão, foram encontrados ossadas nas construções de várias pontes e túneis, que provavelmente eram de trabalhadores que morreram durante a construção.
Um exemplo é o túnel Jomon, construído em 1914 para dar acesso à linha férrea Sekihoku Line (JR Hokkaido). Em 1968, o túnel passou por reparos após um grande terremoto e durante a reforma, os trabalhadores descobriram uma série de esqueletos humanos, de pé, selados no interior das muralhas.
Uma grande quantidade de ossos humanos também foram descobertos próximo ao túnel. A possibilidade de que o túnel tenha sido construído com pilares humanos, fez com que muitas pessoas, incluindo condutores de trem, acreditassem que o túnel é assombrado pelos fantasmas das vítimas.
Algumas teorias sugerem que os trabalhadores tenham sido soterrados vivos trabalhando em condições sub-humanas. Um monumento em homenagem a esses trabalhadores mortos foi erguido em 1980. Também reza uma lenda de que há restos humanos nos suportes de concreto da ponte Koshikawa, concluída em 1939 na extinta linha Konboku (também em Hokkaido).
Embora nada tenha sido encontrado, estudos recentes revelaram uma possível existência de espaços vazios na estrutura que podem conter ossadas de pelo menos 11 trabalhadores que teriam morrido durante a construção da ponte.
Esse texto foi extraído do site Japão em Foco.
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