segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

Chainsaw Man, Guilherme Briggs e o fandom: o futuro não é nem um pouco "pica"

Chainsaw Man é um dos atuais sucessos em mangá e, mais recentemente, em anime. Entretanto, surgiu uma treta tão imbecil que demonstra como o problema de fandom (que já tratei algumas vezes) está só crescendo nos últimos anos. Pois nesse caso, o problema está no fato de que os fãs querem decidir algo que cabe a diversos outros grupos. E no final se usam de métodos nem um pouco ortodoxo. Para falar a verdade, eles chegaram até ser violentos. Contra um dublador famoso: Guilherme Briggs.
Bem, vamos primeiro a trama do anime.
Chainsaw Man é uma história onde demônios existem. Eles fazem pactos, muitas vezes, com humanos. O protagonista, Denji, faz um pacto com uma criatura sem querer desses diabos. O detalhe é que ele seria o Demônio da Motosserra, que é um dos mais perigosos deles. Já que ele seria o único que seria poderoso o bastante para fazer alguns desses seres malignos morrerem definitivamente. Uma história que está ganhando muita fama por ser BEM violento. Só que é "meio-shonen", o que faz os jovens amarem como uma obra-prima. O que não é. É bom sim, mas não é essa coisa toda.
Independente disso, temos que focar no problema. A "pica".
Uma das coisas que os demônios fazem são pactos. Assim, concedem habilidades ou benefícios aos humanos que aceitam esses tratos. E um deles, que é um caçador de demônios chamado Aki, precisa fazer novo acordo com o Demônio do Futuro. É aqui que começa o problema.
Na tradução mais fiel, o Demônio do Futuro, diz algo como "O futuro é ótimo". Mas em um grupo de tradutores, não oficiais, os caras colocaram uma tradução mais "livre", com "O futuro é pica". O mangá, assim como o anime, é violento, mas os japoneses tem um certo controle meio bizarro sobre determinadas coisas em seu país. Note que estamos falando do Japão, que permite uma obra como Chainsaw Man ser publicada (por ser ilustração, creio eu), mas não permite um game como Callisto Protocol.
Enfim, a Crunchyroll quis a dublagem para o nosso país, como de costume. Um dos nomes chamado para isso era o de Guilherme Briggs. Só a voz de diversos queridos personagens como Superman (dos desenhos de Bruce Timm, Henry Cavill, entre outras), Buzz Lightyear (ao menos dos filmes de Toy Story), Rei Julian (de Madagascar), Han Solo (da última versão de dublagem), Marvin o Marciano (Looney Tunes), Mickey Mouse, Optimus Prime (a partir do primeiro filme de Transformers), Cosmo (de Os Padrinhos Mágicos), Freakzoyd, Samurai Jack, Ele (a primeira versão das Meninas Super-Poderosas), Eek The Cat, entre tantos outros. Então ele tem muita noção do mundo das vozes para animes, filmes, séries e desenhos animados.
Então, com a dublagem decidida, Briggs preferiu não colocar o "pica". Primeiro, eu creio que deve ter sido uma decisão, não apenas de Guilherme, mas dos empresários japoneses ou da própria Crunchyroll. Como mostrei, no Japão, eles podem ver sangue e cabeças voando no anime, mas não deixam pelos pubianos em cenas de sexo em pornôs orientais. Segundo, não é necessário só por conta que um grupo traduziu desse modo, seguir esse parâmetro. Só ver como os fãs podem ser indecisos, pois não curtiram a primeira versão do Sonic (para o filme da Paramount), só que o amaram no filme de Tico & Teco. Falem o que quiserem, mas é cúmulo dessas pessoas com relação a hipocrisia.
O terceiro e último é que esse grupo de tradutores ficou conhecido por fazer piadas preconceituosas. Em determinado momento da obra, traduzido por eles, ao invés de fazerem uma alusão a uma pessoa "mão de vaca", eles colocam a palavra "judeu". Três vezes. Relacionar a obra a uma piada assim, poderia causar problemas para o anime. No final, Briggs não colocou essa palavra na tradução.
Primeiro ele foi criticado pelo fandom. Mas depois ele foi ameaçado. O que fez com que ele saísse da dublagem.
Minha opinião: Briggs é um cara introspectivo, mas extremamente gentil, bondoso e compreensivo. E acima de tudo racional. Se ele decidiu isso, foi por ser necessário. O fandom ignora as decisões empresariais. As necessidades deles vem primeiro, mas cabe a pessoas como Guilherme, trazer um bom tom para as obras audio-visuais. A galera tem que parar de querer impor sua vontade a pessoas que tem anos na área. Já que isso só prejudica os próprios fãs, visto que nem todos querem assistir animes legendados.
Então, os fãs só prejudicam a si mesmos. E por isso, o futuro não é pica.


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