sábado, 23 de setembro de 2023

Luffy comunista? Vamos ver isso...

One Piece é um anime e mangá com teor comunista? Tem muitas pessoas que falam, erroneamente, que ele é liberal. Mas confundem esse termo por lutar pela liberdade (apesar que One Piece talvez não seja sobre isso, mas não sabemos). É algo parecido com achar que a Coréia do Norte seria uma democracia. 
O personagem Luffy é muito indo para decisões voluntárias. Ele não é apenas uma figura heroíca, mas um líder nato, através do exemplo. Algo que não vemos em um personagem liberal. Pois ele REALMENTE tem empatia pelos personagens ao seu redor, ou até os desconhecidos. Sem nem perceber, ele faz as coisas para o povo em geral!
Só lembrando que o próprio pai dele, Monkey D. Dragon, é um revolucionário. Nessa história, os revolucionários brigam abertamente com o Governo Mundial. Ironicamente, ou não, Luffy já atacou uma bandeira do grupo ao salvar Nico Robin.
Oda em One piece deixa muito claro, tanto em seu texto como em sua arte, que  possui ódio a Burguesia. O autor retrata um diálogo que pode parecer até ridículo, porém falam a verdade sobre a maioria dos ricos. Pois eles pensam assim né, com a "meritocracia" e a escolha a artística de retratar os burgueses como seres feios fisicamente para retratar como eles são por dentro mostra a genialidade do autor. Note os nobres e os tenryuubitos.
Muitas pessoas não notam o quanto One Piece tem um conteúdo político. Alguns interpretam Luffy como um liberal, indo até para os ancaps (anarcocapitalista, que nada mais são pessoas que acreditam ideias de nazi-fascistas que tentaram sobreviver a Segunda Guerra Mundial, ou seja, Luffy não tem nada a ver com isso. Mesmo porque, ele não está indo contra o Estado, mas sim contra a opressão). Porém, notem que além de lutar contra opressores, ele quer que todos sejam felizes e se alimentem. Isso lembra parte de conceitos de agricultura comunista, que ocorreram na Rússia e China. Mas deu certo mesmo, apenas na segunda.
Devemos tratar sobre outra coisa que aborda One Piece com metáforas. Podemos ver o racismo sendo tratado com relação as atitudes contra os homens-peixe. Muitas pessoas, até mesmo as normais, mas um pouco rico pelo menos, diz que eles são tão burros que pensam como peixes. Então, são tratados como seres selvagens, com o qual não se deveria relacionar.
Então, a ilha deles fica em um lugar se localiza a 10.000 km submarinos, uma ilha para aqueles "diferentes". Sendo que quando estão no mundo acima da água, muitos podem ser escravizados, ao ponto de gerar conflitos importantes para história de Eichiro Oda. 
Mas assim como um homem ou mulher branco e um homem ou mulher negra, só tem diferenças físicas, aqui vemos a mesma coisa. Um tritão só é diferente de um humano fisicamente. O fato de respirar embaixo da água, não o torna superior, nem nenhuma outra coisa assim. Pois de resto, até o sangue é o mesmo tipo.
Algo muito próximo do escravismo que ocorrerá contra os africanos, em especial, nas Américas. 
No arco da ilha dos tritões, dos homens-peixe, quando tratam do flashback da antiga rainha Otohime, uma pacifitsa, ela demonstra que só por serem de cores diferentes, não significa que sejam diferentes nos problemas, ou em sua vida pessoal. Ninguém é melhor ou pior que ninguém. Cada um tinha sua própria vida e visão do mundo. Quem diz que os tritões são diferentes são os humanos.
A ideia de igualdade não surge com liberalistas, nem com anarcocapitalista, mas com ideais socialistas, comunistas e anarquistas. Que fique claro. 
Um dos personagens revolucionários tritões contra a força dos tenryuubitos foi Fisher Tiger. Confrontando frases de pessoas falando que escravizar estava tudo bem, mas que libertar escravos seria um crime. 
E o próprio Guto, do canal Cronosfera faz um paralelo muito bom entre Otohime e Fisher Tiger, com Marthin Luther King e Malcom X. Algo que já aconteceu nas HQs da Marvel, mais especificamente nas páginas dos personagens de X-Men. Com Charles Xavier e Erik Magnus Lenshner, ou Professor X e Magneto. Quando notamos que Malcom X já conversou com Che Guevara uma certa vez, esse paralelo fica ainda mais próximo do que estou tratando aqui.
Com o surgimento de uma garota extremamente traumatizada entre eles, no navio revolucionário de Fisher Tiger, podemos ver um lado muito humano deles. Mesmo que eles prezem pela luta para alcançar a liberdade para si e aqueles que amam. Pois o próprio líder, que notava como ela se sentia dentro do navio, já que ela queria sempre lembrar os tripulantes que ela poderia ser útil para todos, diz a jovem que ela poderia chorar. Pois ela reprimia sua tristeza para viver.
Ele quer devolver a garota a sua vila. Mas esse foi seu erro.
O líder revolucionário dos tritões se torna vítima de uma armadilha. E sobrevive a isso, mas perde muito sangue. E para isso precisava de transfusão de um sangue raro, ao qual os tripulantes não tinham, mas humanos sim. Mas seu corpo o rejeita. 
Observação: Koala, a menina salva por Fisher Tiger se torna membro dos exército revolucionário de Monkey D. Dragon.
Ironicamente, voltando mesmo para o arco da ilha dos tritões, Ruffy vence um combate contra um vilão, mas perde muito sangue. Mais ironicamente, há uma lei que proíbe os homens-peixe de doar seu sangue para humanos. Então, quem o salva é Jinbei, um tritão que acompanhava Tiger, doando seu sangue. Trazendo uma bela mensagem, por mais diferente que as pessoas sejam, todos somos iguais, ligados pelo sangue, o mesmo que derramamos, seja na luta, seja no trabalho, mas seres vivos sobrevivem e vivem, de forma igual. Um VERMELHO que liga todos nós. 
Menção a defensores dos direitos civis negros nos EUA, luta por tratamento igual de diferentes grupos, o sangue como símbolo dos mais humildes. Só relembrando que o vermelho representava na convenção anterior a Revolução Francesa, os jacobinos, que ficavam a esquerda, e representa o socialismo e o comunismo. Lembrando que junto do amarelo, a roupa mais usada por Ruffy, usa mais o vermelho. Cores da bandeira na União Soviética. Podemos falar que o navio de Dragon se chama Granma, igual ao do Fidel Castro. Ainda nessa linha, Luffy nasce no dia 5 de Maio, o mesmo de nascimento de Karl Marx. Pode até ser algo que parece não ter nada a ver, já que também é a data do dia das crianças no Japão... Mas explica as outras???
Ao mesmo tempo, Oda apresenta o conceito inicial dos Revolucionários, um grupo formado para libertar o povo das mãos autoritárias do governo. O desenvolvimento de mundo e de personagens faz com que o autor pincele, mesmo que aos poucos, sua maturidade ao trazer uma representatividade LGBTQIA+, com O-kiku ou mesmo Yamato.
O poder dos Tenryuubitos e até os velhos do Governo Mundial, tem um poder extremo, sem fazer praticamente nada na trama. No caso dos líderes do Governo, há ainda uma relação de poder, mas os primeiros tem tanto poder sem ter feito NADA. Algo parecido com a atual burguesia. Só lembrando que a atual "elite" (se é que podemos chamar assim) é com base em fatos passados, quando ainda faziam algo como comerciantes. Novamente, fazendo paralelo hoje em dia, com empresários que se vangloriam de terem herdado e não precisar conquistar com seu esforço.
Após o salto temporal de dois anos no universo, Oda retorna com tópicos extremamente sensíveis, como o subtexto por trás da história de Nico Robin: o genocídio. O racismo, o imperialismo, a violência familiar ou mesmo a mobilização social frente às questões impostas dentro do mundo de One Piece são pontos importantes para que o final da jornada de Monkey D. Luffy seja o que, provavelmente, é o tesouro tão buscado: a liberdade e o poder na mão do povo.
A parte de Ennes Lobby foi muito política, já que seu povo foi vítima de um genocídio. Pois sabiam demais, pois se revelassem o pouco que sabiam, comprometeriam o Governo Mundial. E a Marinha deixa de ser algo para defesa, o que jamais foi, mas se torna ferramenta de repreensão contra eles, ou até mais que isso.
Falado isso, lembra que um dos maiores sonhos de Ruffy é que tenha comida para todos? Esse é um dos ideais do comunismo
Logo após, o governo solta notícias falsas para justificar esse massacre. E a única sobrevivente deve que fugir sua vida inteira, até ser salva (tanto física quanto mentalmente) do controle desses homens cruéis.
Então, vejamos, temos diversos governos opressivos na história. Que se importam com o 1% da população que é mais rica. E para isso, usam da violência contra as pessoas, dizendo que é para a paz, mas se trata do status quo do mundo. O mangá e anime tratam, nesse meio tempo de temas mais sensíveis como abandono parental, pobreza, depressão e suicídio, enquanto o protagonista dá de cara com injustiças que aumentam os problemas antes citados. Enfrenta essas lideranças, quase sempre com a ajuda desses grupos minoritários (Bon-Chan, personagens trans ou queer que encontra, os homens-peixe, ou bonecos que ninguém lembra da forma humana, sacou?). Esse universo da obra é dominado por uma pequena elite.
One Piece é um mangá consumido por milhares de diferentes pessoas, e de variadas faixas etárias, há anos. Jovens com formação social e política estão lendo o trabalho de Eiichiro Oda semanalmente, e falar ou não desses ideais que o autor coloca dentro da sua história vai de cada um – mas, em um país como o Brasil, que tem passado por uma crise humanitária, com a volta da fome, o aumento do desemprego e dos preços dos alimentos, liderado por um governo federal claramente incapaz (no governo Bolsonaro, em especial), é quase impossível não associar à luta dos personagens dessa obra ficcional com a realidade.

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